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Cerveja “sem álcool” que imita sensação de embriaguez: o que sabemos sobre a invenção britânica

Publicada em: 11/10/2025 17:13 -

 

Por Brunno Lemos - Rádio Domm — Nos últimos dias, uma notícia tem circulado com força nas redes e portais: cientistas no Reino Unido estão desenvolvendo bebidas sem álcool que prometem reproduzir sensações associadas à leve embriaguez — relaxamento, desinibição e sociabilidade — sem provocar ressaca ou dependência. A reportagem motivou debates sobre segurança, ética e regulação. A seguir, explicamos o que há de factual, o que ainda está em estudo e quais são as principais dúvidas

 

A ideia e quem está por trás

 

A iniciativa é atribuída, na maior parte das reportagens que repercutiram o tema, ao neurocientista David Nutt e à equipe ligada a laboratórios de pesquisa que investigam como modular neurotransmissores — em particular o GABA, um mensageiro cerebral associado a relaxamento e redução da ansiedade. Segundo a cobertura internacional, esses pesquisadores procuram combinar compostos naturais (botânicos, extratos) que aumentem a atividade de vias neurais responsáveis pela sensação de “estar relaxado”, porém sem produzir etanol — o álcool propriamente dito. (Cobertura em veículos como Xataka, The Guardian e outros.) 

 

Como funcionaria, em termos gerais

 

Em vez de conter álcool, a bebida conteria ingredientes que modulam a química cerebral — por exemplo, componentes que estimulam a produção de GABA ou que atuam em receptores relacionados ao bem-estar. Na prática, a intenção é reproduzir a sensação socialmente agradável do álcool (desinibição leve, relaxamento) mas sem os efeitos colaterais típicos — ressaca, intoxicação por etanol, risco de dependência química e danos ao fígado.

Importante: trata-se de ciência emergente. Muitos pesquisadores alertam que o efeito desejado é sutil e depende de dosagens, interação com outros medicamentos e características individuais dos consumidores. Não é o mesmo que “ficar bêbado” nos termos tradicionais — sobretudo porque álcool afeta múltiplos sistemas além do GABA. 

 

O que a imprensa brasileira (incluindo o G1) e internacional relatou

 

Portais brasileiros repercutiram a novidade enfatizando o caráter inovador e as possíveis implicações sociais. A cobertura apontou:

  • autoria científica ligada a grupos britânicos (mencionando David Nutt em muitas matérias);
  • afirmações de que a bebida não conteria etanol e, portanto, não provocaria ressaca;
  • conversas sobre a necessidade de testes clínicos, regulação e avaliações de segurança antes de qualquer lançamento comercial. 

Se o G1 publicou texto específico sobre o tema, ele se alinhou a esse tom: reportagem informativa, com citações a especialistas e ressalvas quanto à necessidade de evidência clínica e aprovação regulatória.

 

Segurança, riscos e o ponto de vista médico

 

Especialistas consultados pelas reportagens reforçam cautela. Entre as principais preocupações estão:

  • Interações medicamentosas: substâncias que alteram neurotransmissores podem interagir com ansiolíticos, antidepressivos e outras drogas, com risco de efeitos adversos.
  • Efeitos psíquicos: induzir “desinibição” artificial pode não ser desejável para pessoas com histórico de comportamentos impulsivos.
  • Regulação e rotulagem: bebidas que alteram o sistema nervoso provavelmente precisarão de regulação sanitária específica (autorizações, limites de ingredientes, advertências).
  • Percepção pública: há dúvidas sobre como a sociedade reagirá a uma bebida que produz sensação semelhante à embriaguez sem álcool; isso levanta questões éticas (promoção do consumo, exposição de jovens, normalização de estados alterados sem substância alcoólica). 

 

Será detectada em bafômetros?

 

A proposta envolve bebidas sem etanol, portanto não deveriam registrar positivo em testes de alcoolemia (bafômetros), que detectam álcool etílico. No entanto, pesquisadores destacam que haveria necessidade de estudos para confirmar que nenhum metabólito interferiria em testes clínicos ou toxicológicos específicos.

 

Perguntas em aberto e o que ainda falta

 

  • Testes clínicos em humanos: quantidade de dados de ensaios clínicos publicados é limitada; ainda é preciso mostrar segurança e eficácia em amostras maiores.
  • Avaliação de efeitos a longo prazo: ausência de álcool não significa ausência de risco, principalmente se as substâncias atuarem no sistema nervoso central repetidamente.
  • Regulação: como classificar e rotular esse produto — como bebida não alcoólica, como suplemento, como medicamento? Dependendo do composto e da alegação de efeito, a agência reguladora (no Reino Unido, a MHRA/UK Health Security Agency; na UE, EFSA; no Brasil, Anvisa) terá papel central.

 

O que dizem os defensores

 

Pesquisadores e empresas por trás da ideia argumentam que, se segura e efetiva, a bebida poderia reduzir danos associados ao álcool (menos cirrose, menos acidentes de trânsito envolvendo álcool, menos violência relacionada ao uso) e atender a consumidores que buscam socialização sem os malefícios do etanol. Há também apelo comercial: o mercado de bebidas “no/low” cresce rapidamente e inovações atraem investimentos. 

 

 

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