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Emissões de gases do efeito estufa no Brasil têm maior queda em 16 anos, mas país ainda não deve cumprir sua meta climática

Publicada em: 03/11/2025 23:55 -

Por Brunno Lemos – Rádio Domm News | Meio Ambiente | 4 de novembro de 2025

 

O Brasil registrou em 2024 a maior redução nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) dos últimos 16 anos.
De acordo com dados do Observatório do Clima (OC), o país emitiu cerca de 2,145 bilhões de toneladas de CO₂ equivalente (GtCO₂e) — uma queda de 16,7% em relação a 2023, quando as emissões chegaram a 2,576 GtCO₂e.

Apesar do resultado expressivo, especialistas alertam que o país ainda não deve atingir sua meta climática de 2025, estabelecida no Acordo de Paris, e que será necessário manter esforços consistentes e de longo prazo para garantir a sustentabilidade da redução.

📉 Queda histórica puxada pela redução do desmatamento

A principal razão para o recuo nas emissões está na queda do desmatamento e nas mudanças no uso da terra, especialmente na Amazônia e no Cerrado.
Esses setores, que historicamente respondem por mais da metade das emissões brasileiras, apresentaram forte redução graças ao reforço na fiscalização ambiental, operações contra o garimpo ilegal e políticas de monitoramento florestal.

Segundo o relatório do Observatório do Clima, o setor de mudança de uso do solo caiu cerca de 23% em 2024, contribuindo de forma decisiva para o resultado nacional.

“O Brasil mostrou que, quando o Estado atua com seriedade e transparência, os resultados aparecem rapidamente”, afirmou Tasso Azevedo, coordenador técnico do Sistema de Estimativas de Emissões (SEEG).

🧮 Setores que ainda preocupam

Mesmo com a queda expressiva, o relatório aponta que outros setores ainda mantêm emissões elevadas — o que dificulta o cumprimento da meta nacional:

  • Agropecuária: responsável por quase 30% das emissões totais, continua crescendo em função do aumento do rebanho bovino e do uso intensivo de fertilizantes.

  • Energia: o setor apresentou estabilidade, mas com tendência de alta devido ao aumento no consumo de combustíveis fósseis para transporte e geração de energia.

  • Resíduos urbanos: a destinação inadequada de lixo e a falta de políticas municipais de reaproveitamento ainda são desafios.

“É uma boa notícia, mas não é hora de comemorar. É preciso transformar a queda momentânea em tendência permanente”, destacou Marina Marçal, coordenadora de clima e economia do OC.

🎯 Por que o Brasil ainda pode não cumprir sua meta

O Acordo de Paris prevê que o Brasil reduza suas emissões em 43% até 2025 (em relação aos níveis de 2005).
Mesmo com a melhora, as projeções indicam que o país ficará entre 7% e 10% acima da meta prevista, se não houver novos cortes em setores como energia e transporte.

A ausência de políticas nacionais robustas para eletrificação veicular e substituição de combustíveis fósseis é um dos principais gargalos.

“O desafio agora é consolidar a redução no desmatamento e expandir as ações para os setores produtivos e urbanos”, avaliou o pesquisador Carlos Rittl, ex-secretário executivo do Observatório do Clima.

🌍 O Brasil no contexto global

Com a queda registrada, o Brasil voltou a figurar entre os dez países que mais reduziram emissões em 2024 — um contraste positivo após anos de alta.
A notícia foi bem recebida na comunidade internacional e reforça o papel estratégico do país nas negociações climáticas globais, especialmente às vésperas da COP30, que será sediada em Belém (PA) em 2026.

Ainda assim, o país continua entre os seis maiores emissores do mundo, atrás de China, Estados Unidos, Índia, Rússia e Indonésia.

🔎 O que vem pela frente

O governo federal anunciou que, até o final de 2025, pretende:

  • Lançar um novo plano nacional de descarbonização;

  • Estimular a economia verde, com incentivos a biocombustíveis e transporte elétrico;

  • Ampliar a recuperação de áreas degradadas, especialmente na Amazônia Legal;

  • Criar um sistema nacional de créditos de carbono regulamentado.

Essas medidas são consideradas essenciais para colocar o país de volta no caminho do cumprimento das metas climáticas de 2030.

🌱 Um alerta e uma oportunidade

Os dados do Observatório do Clima deixam claro que o Brasil tem capacidade técnica e ambiental para liderar a transição verde global, mas o sucesso depende de continuidade política, governança transparente e envolvimento social.

“A boa notícia é que o país mostrou que pode reverter a curva de emissões. A má notícia é que não pode parar por aqui”, resume Brunno Lemos, repórter da Rádio Domm.

 


 

Rádio Domm — informação que inspira, conecta e transforma.
🎙️ Reportagem especial de Brunno Lemos – Correspondente de Meio Ambiente

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