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William Bonner: A Voz de Uma Nação — A Última Noite do Âncora do Jornal Nacional

Publicada em: 01/11/2025 06:28 -

Por Brunno Lemos | Rádio Domm 

 

Na noite em que William Bonner disse seu último “boa noite”, o Brasil parou — como sempre fez, por mais de três décadas, diante do mesmo rosto, da mesma voz, da mesma serenidade. Um ciclo se encerrava, não apenas na história de um jornalista, mas na história da televisão brasileira.

O Início de Uma Trajetória Singular

Nascido em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, em 16 de novembro de 1963, William Bonner — nome artístico de William Bonemer Júnior — iniciou sua carreira no rádio e na publicidade antes de ingressar no jornalismo televisivo. Formado em Comunicação Social pela Universidade de São Paulo (USP), começou a trabalhar como locutor e redator publicitário, até ser convidado a integrar a equipe da TV Bandeirantes, em 1985.

Pouco tempo depois, em 1986, Bonner foi contratado pela Rede Globo. O talento e a sobriedade que já chamavam atenção o levaram rapidamente à bancada do Jornal da Globo, e, posteriormente, ao Fantástico e ao Jornal Hoje.

Mas foi em 1996 que ele assumiu o posto que o eternizaria: o comando do Jornal Nacional, ao lado de Fátima Bernardes.

O Jornal Nacional e o Peso da Confiança

Durante quase 30 anos, Bonner foi o principal rosto do telejornalismo brasileiro. O Jornal Nacional, sob sua liderança editorial, consolidou-se como o mais influente noticiário do país, sendo referência de credibilidade, equilíbrio e rigor informativo.

“Meu compromisso sempre foi com o telespectador e com a verdade dos fatos”, disse Bonner em uma de suas entrevistas. E assim viveu: comedidamente, distante dos holofotes pessoais, mas intensamente presente nas noites do Brasil.

Seu estilo de apresentação — firme, ético e emocionalmente contido — moldou gerações de jornalistas. Em tempos de redes sociais e fake news, Bonner se tornou uma figura de estabilidade, quase um guardião da confiança pública.

O Homem por Trás do Telejornal

Fora das câmeras, William Bonner sempre preservou sua vida pessoal. Casou-se com Fátima Bernardes em 1990, com quem teve trigêmeos — Vinícius, Laura e Beatriz — e de quem se separou em 2016. Discreto, o jornalista manteve o foco na carreira, encontrando no anonimato fora do estúdio um refúgio necessário.

Apaixonado por carros, música e literatura, Bonner é também conhecido pelo humor refinado e pela paciência curta com o improviso fora do padrão — marcas que o tornaram, para colegas, um profissional exigente e admirado.

Os Grandes Momentos da Carreira

Durante sua trajetória, Bonner cobriu — e apresentou — alguns dos eventos mais marcantes da história contemporânea do Brasil e do mundo: a morte de Ayrton Senna, o impeachment de dois presidentes, a queda das Torres Gêmeas, as eleições democráticas e as tragédias nacionais.

Seu “boa noite” não era apenas um cumprimento: era um elo com o país. Um ritual que unia gerações diante da TV.

O Último Boa Noite

Na noite de sua despedida, o estúdio do Jornal Nacional estava diferente. Luzes mais suaves, uma emoção contida no ar. Ao lado da colega Renata Vasconcellos, Bonner encerrou a edição especial que revisitou momentos marcantes de sua trajetória e agradeceu à equipe, ao público e à própria emissora.

Com a voz ligeiramente embargada, disse:

“Foram muitos anos dizendo ‘boa noite’ para milhões de brasileiros. Hoje, sou eu quem agradece — por cada noite, por cada olhar atento, por cada gesto de confiança. O Jornal Nacional é maior do que qualquer pessoa, e isso sempre me deu orgulho. Boa noite, Brasil.”

O silêncio que se seguiu foi quebrado por aplausos dentro da redação. Nas redes sociais, o nome William Bonner dominou os trending topics, acompanhado de mensagens de gratidão e nostalgia.

Um Legado Imortal

William Bonner encerra sua carreira na TV Globo como o jornalista que simbolizou o ofício em seu estado mais puro: informar com verdade e respeito. Seu legado é o do profissionalismo, da ética e da responsabilidade.

Mesmo fora das câmeras, sua voz ecoará — nas escolas de jornalismo, nas redações, nas lembranças de quem cresceu ouvindo seu “boa noite”.

 


 

William Bonner deixa o estúdio, mas não deixa o jornalismo.
Porque, em cada “boa noite” que o Brasil ainda ouvir, haverá um pouco dele — o homem que deu voz à notícia, e rosto à credibilidade.

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